domingo, 23 de novembro de 2014

BORBOLETA TRISTE

BORBOLETA TRISTE
(Por Maristela Ormond)


Esperei tanto tempo dentro de um casulo.
Fui crescendo, desenvolvendo, virando, apertando...
Minhas asas que estavam por se formar doíam a cada movimento.
Tive que encontrar um esconderijo, para que não fosse predada por uma maldade qualquer.
Foram fases doloridas da metamorfose até que um dia ela aconteceu e pensei: Vou sair e conhecer o mundo. Um mundo tão colorido quanto minhas asas.
Quando consegui voar pelo mundo, pousei de flor em flor, retirando o néctar da vida.
Encontrei muitos predadores, precisei de uma boa camuflagem para sobreviver a eles. Mas o maior predador que encontrei, disse-me um amigo, se chama homem.
Foi dele que tive que fugir e voar para muito, muito distante...
Observei lá do alto que esse homem, era muito cruel, não só comigo como para outros seres e principalmente para com os de sua própria espécie.
Pensei muitas vezes, porque ele seria assim?
Será que o sofrimento de sua metamorfose foi muito mais dolorida que a minha?
Pousei então em mais alguns lugares e observei o mundo que pensava colorido, mas não me agradou o que vi e torne-me uma borboleta triste, por tudo que vi e aprendi.
Minha vida é muito curta e por isso tive que partir sem compreender...
Tomara que esse homem tenha uma vida mais longa e possa mudar algumas coisas.
Tomara que ele possa retirar o néctar da flor e saborear o vento doce em seu rosto e que perceba que por mais longa que seja sua vida, precisa viver sem ser predado pelo outro, para voar cada vez mais distante para um lugar chamado Felicidade.